quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Retrospectiva 2009

É difícil definir exatamente quantos filmes assisti em 2009, creio que foi o ano em que vi mais filmes na minha vida. Só não tenho certeza disso por causa do tempo em que eu participava de um vídeoclube universitário. Mas foram pelo menos 73 filmes, isso dá mais de um por semana.

Mesmo com essa quantidade, que pra mim é enorme, visto que não trabalho com cinema, sou apenas uma fã. Mesmo assim, não teve um filme que eu tenha sentido como fundamental na minha vida. Será que quanto mais filmes assistimos, menos somos atingidos por eles? Ou será que o ano foi fraco mesmo? Tenho dúvidas...

As maiores decepções ficaram por conta do cinema brasileiro: Budapeste e Do Começo ao Fim. O único filme nacional que realmente me encantou foi À Deriva, que eu achei muito sensível e bem feito. O documentário sobre o Simonal também valeu o ingresso.

Mas tive também uma decepção argentina, o filme A Raiva.

Dio Come Ti Amo, Bom Dia Vietnam, O Paciente Inglês e Cinema Paradiso foram os débitos que eu tinha e consegui ver em 2009. O primeiro da lista era uma dívida familiar e me surpreendeu. Desses, sem dúvida, Cinema Paradiso é o melhor.

Tiveram dois documentários que me marcaram por questões profissionais: Vogue – A edição de setembro e Annie Leibovitz – Uma vida através das lentes. Maria Antonieta, da Sofia Copola também pode entrar nessa onda. O filme é tão lindo, tão visual que não me sai da cabeça.

Isabel Coixet foi a diretora mais vista: Minha vida sem mim, Aos que amam, Coisas que nunca te disse. Até esse ano eu não tinha assistido nada dela. Gosto dos títulos e sou atraída por eles, mas não acho os filmes nada demais. Só o Aos que amam eu achei realmente bom!

Mas vamos aos que considero os melhores dos que vi esse ano:

A Criada



Close Up



A Onda


A Partida



Dúvida



À Deriva



Há tanto tempo que te amo



Abraços Partidos



Bastardos Inglórios



O banheiro do Papa



E o melhor que aconteceu na minha vida de cinéfila, foi ter conseguido implementar um projeto antigo: ir ao cinema todas as quartas com meus amigos. Não foram todas as quartas que eu consegui, muitas vezes fui sozinha, mas também encontrei muitos amigos para compartilhar o cinema. Quero agradecer a companhia agradável de todos e dizer que espero que 2010 traga novos e melhores filmes para nós!!!


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Do Começo ao Fim, um comercial de margarina!


O primeiro indício foi um humor desfavorável do Janot, valorizo a opinião dele porque costuma bater com a minha. Não gosto de ler opinião nenhuma antes de ver um filme, apenas percebo o clima da crítica,  e mesmo com a decepção do Janot, eu queria ver o filme.

Quando cheguei ao cinema, fiquei satisfeita porque a sala estava quase lotada, coisa que eu não esperava num filme brasileiro tão controverso e sem muito apoio. Depois fiquei pensando se a tal falta de apoio que foi divulgada não seria uma jogada de marketing...

Já na sala, senti falta dos heterossexuais. Não por homofobia, mas porque se não somos preconceituosos, por que heteros não assistem filmes sobre gays? Não entendo! 

Mas enfim... comercial de margarina do começo ao fim. Todos se amam desde o início, são felizes, se respeitam, aceitam as diferenças e decisões do outro. Os diálogos foram escritos através de sorteio de clichês. As cenas, também são clichês. E se você viu o trailer, já sabe a história toda. Altamente previsível, aliás, parece que 80% dos diálogos estão no trailer!

Pronto, critiquei!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O sol de cada manhã?


Primeira e única crítica: que adaptação horrorosa foi essa do título do filme no Brasil? De "O homem do tempo" para "O sol de cada manhã". Bizarro! Não podia deixar passar esse "detalhe".

Enfim... sentei diante da TV com pouco entusiasmo, apenas uma distração numa hora de muito cansaço. O que eu queria era descansar a cabeça e ver algo tranquilo. E foi bem tranquilo, mas não bobo. Faltando quinze minutos para o filme terminar eu ainda esperava que algo acontecesse, algo que eu achava coerente acontecer. E pensava: se não acontecer, o filme é uma droga! Mas, como tenho percebido na vida, a minha maneira de querer as coisas não é a única opção que funciona. O que eu esperava não aconteceu, mas fiquei surpresa e feliz com o desfecho.

O filme pra mim é uma alegoria para a forma como é vista a cultura estadunidense em relação a cultura européia, mais especificamente a inglesa. Parece senso comum um certo desprezo aos hábitos e costumes dos EUA, com sua prática mercadológica, consumista, globalizante e pop. Temos o hábito de achar que o povo deste país é alienado, mas de fato, é mesmo? Andy Warhol foi um babaca? E Thomas Jefferson? Hemingway? Buzz Aldrin? Luther King? Harriet Tubman? Bill Gates? Steve Jobs? Susan Sontag?...

É preciso rever sempre.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Versão brasileira

Estou cheia de trabalho e sem poder postar, mas quero comentar uma notícia que recebi no final de semana passado e que me fez viajar até minha infância, quando eu só assistia a filmes dublados pela TV e completava a frase com o locutor: "versão brasileira, Herbert Richers".

Então, o tal de Herbert Richers morreu na sexta-feira passada aos 86 anos (veja matéria da Folha) e senti nostalgia. No site da empresa dele havia um audio com a famosa frase, mas hoje está fora do ar...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O vale da sombra da morte



Uma liberação da maldade e do ódio que se encerra no âmago do ser humano e a busca incessante e frustrada do prazer, são os dois temas que me tocaram durante o filme Anticristo, de Lars Von Trier – que poderia ter sido dirigido pelo David Lynch, tamanha a confusão que faz na sua cabeça.

Cristo representa a parcela de amor e bondade que carregamos, nutrimos e desejamos que se torne preponderante. Já o Anticristo é aquele sentimento obscuro e destrutivo que mantemos escondidos, mas que deseja vir à tona e deseja tomar boa parte do espaço ocupado pela brandura da alma. 

Reconhecer que ambos habitam o nosso coração nos livra da loucura que, ao esbarrar em sentimentos que julgamos menos nobre, pode nos confundir, a ponto de nos identificar apenas com o mal e acreditar que somos essencialmente maus. Tal reconhecimento também nos liberta de lutas e embates contra nós mesmos, quando desejamos ser apenas bons cristãos. Resumindo, vou chover no molhado: é preciso encarar o lado sombrio para saber lidar com ele, sem nos perder nas trevas. 

Se ainda tem dúvidas, assista ao filme e veja como é o Vale da Sombra da Morte.

"O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias."  Salmos 23

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Que onda é essa?

O que nos torna manipuladores?

O que nos permite ser manipulados?










Creio que seja a necessidade de pertencimento.



Nascemos para fora do Paraíso e fazemos qualquer coisa para voltar. Fomos expelidos. Desejamos ser iguais ao ser que nos gerou e quando conseguimos, somos punidos com a expulsão. Passamos a vida buscando essa religação divina, a sensação de pertencer ao outro – ser individual ou coletivo. Quando percebemos que somos um indivíduo, descobrimos também que estamos separados e essa descoberta é terrível para nós. Desejamos ávidamente retomar a ligação, mas é tarde demias, o cordão se rompeu.



Talvez, a única saída seja entender que o cordão não é o único elo, que existem outras conexões e que o rompimento é ilusório. Que não conseguimos compreender de forma objetiva nossa ligação, mas ela existe, basta prestar atenção ao movimento da vida.



O Paraíso, o Reino dos Céus está próximo, muito próximo, é preciso percebê-lo.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Filmes leves

Às vezes sinto-me mal porque dizem que gosto de filmes densos, pesados e difíceis. Recentemente passei uma fase em que meus convites para ir ao cinema não surtiam efeito e já estava ficando neurótica, pensando que meu gosto para filmes era péssimo ou esquisito. Então, numa noite com minhas irmãs, comecei a listar os filmes leves e os pipocões que eu gosto. E me surpreendi com o tamanho da lista.

Organizei os filmes da seguinte forma: os visivelmente pipocões (bem comerciais) e os demais leves, que não eram tão blockbuster, sem tentar classificar em cults, independentes ou que simplesmente não implacaram nas bilheterias. Bem, não tenho um critério muito claro para definir se um filme é pipocão ou não, então, haverão divergências. Não importa.


Pipocão

  1. Cidade dos anjos
  2. Beline e a Esfinge
  3. Shrek
  4. Aprendiz de sonhador
  5. Gênio Indomável
  6. O Segredo de Broke Back Mountain
  7. Batman Begins
  8. Batman: o cavaleiro das trevas
  9. Batman: o retorno
  10. Senhor dos anéis
  11. De volta para o futuro (umas das melhores trilogias que já vi)
  12. Rain Man
  13. Diários de Motocicleta
  14. Cidade de Deus
  15. A armadilha
  16. Adoráveis mulheres
  17. E.T.
  18. O show de Truman
  19. Os fantasmas se divertem
  20. O Lobo
  21. Shakespeare apaixonado
  22. Meu primeiro amor
  23. Formiguinha Z (amo, amo, amo!)
  24. Sin City
  25. 300
  26. Inteligência Artificial
  27. O feitiço do tempo 
  28. O diabo veste Prada
  29. Sex and the city
  30. Albergue espanhol
  31. Rainhas
  32. 007 (meu pipocão clássico)
  33. O diário de Bridget Jones
  34. Quem quer ser um milionário
  35. Harry Potter
  36. Titanic (vi no cinema e amei!)
  37. X-men
  38. Arquivo X (sou fã, mesmo!) 
  39. Matrix (ai, ai, ai... vi umas vinte vezes!)
  40. Erin Brockovich
  41. O Chacal (delícia de filme)
  42. A lenda do cavaleiro sem cabeça
  43. Moulin Rouge
  44. Sociedade dos Poetas Mortos
  45. O sexto sentido
  46. Corpo fechado
  47. Dio Come Ti Amo


Leves

  1. A hora de voltar
  2. O fabuloso destino de Amélie Poulain
  3. O clã das adagas voadoras
  4. Peixe grande
  5. O estranho mundo de Jack
  6. Billy Elliot
  7. Maria Antonieta
  8. O gosto do chá
  9. Orgulho e preconceito
  10. A culpa é do Fidel
  11. O homem que copiava
  12. Quase famosos
  13. Queime depois de ler
  14. Pequena Miss Sunshine (há controvérsias se este é um filme leve, só sei que dei muita gargalhada no cinema, pra mim é comédia das boas!)
  15. Femme Fatale
  16. Um beijo roubado
  17. À deriva
  18. Uma história real
  19. A encantadora de baleias
  20. Língua
  21. Traquinagens
  22. Paris, te amo
  23. Close up
  24. Quero ser John Malkovich
  25. Entrevista com Vampiro (leve? saí do cinema tranquila...)
  26. Kill Bill (principalmente o primeiro, o segundo é melhor, porém mais desconfortante)
  27. A vila
  28. Vick Cristina Barcelona 
  29. O dia da transa

Os leves são os filmes que me permitem sair do cinema com o coração tranquilo, mas não sem uma boa reflexão sobre a vida ou a arte. Esses 76 filmes foram os que lembrei, mas tem mais, com certeza! E assim, permaneço com a consciência tranquila: não sou uma cinéfila mala, na verdade, sou uma cinéfila bem pipocona.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um ensaio com diretores e atores


Estou exausta demais para querer esboçar qualquer transe, mesmo tendo algumas coisas-escritas-quase-prontas. Mas não quero deixar o blog no vácuo, então, vou falar o que me aconteceu hoje e que está relacionado ao cinema.

Aproveitei que estive no Centro do Rio e visitei alguns sebos à procura de dois livros que viraram filmes: O Diabo Veste Prada e Na Natureza Selvagem. Encontrei o primeiro livro e, casualmente, a edição de março de 2009 da revista Vanity Fair. Decidi comprar os dois. Eu queria ver o layout das páginas da revista estadunidense e quando abri, a primeira coisa que me chamou atenção foi a foto acima. Uma preciosidade. Fiquei vidrada na imagem por uns segundos, de forma quase hipnótica, ecoando em minha alma sussurros de uma língua que não consigo compreender, mas que me emociona e encanta: a poesia.

A hipnose foi quebrada por uma pergunta: de quem seria a foto? Mais uma folheada, outras fotos encantadoras e outro questionamento: seriam de Annie Leibovitz? Sim, eram da lendária fotógrafa, que recentemente me levou ao cinema, para ver um documentário sobre sua trajetória profissional e de vida, afinal, como o próprio título do filme diz, Annie Leibovitz vive através de suas lentes. E consegue dar alma às fotos.

Annie poderia ser minha Miranda Priestley, tamanha admiração que tenho por ela. E assim, misturo O Diabo Veste Prada – que já comecei a ler–, Meryl Streep e Annie Liebivitz.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A criada e a criatura


Apesar de assustador, o filme A Criada é excelente e não morde. A cena mostrada no cartaz é emblemática e óbvia sobre o monstro que há em nós.

O Aurélio, define a raiva como "grande aversão".  Sentir raiva poderia ser então, ter uma grande aversão a algo que lhe causa mal ou não satisfaz suas necessidades e desejos. Portanto, este deve ser um sentimento natural e benéfico que, assim como o prazer, serve de bússola e nos ajuda a direcionar a vida. No entanto, não sabemos usar nossas ferramentas naturais e transformamos a raiva em violência. Feroz, ela sai destruindo tudo e não nos tira do lugar.

Como animais que somos, agredimos quando nos sentimos acuados. E se alguém te mostra os dentes é porque sente-se ameçado. Nesse caso, o melhor a ser feito é não responder no mesmo tom, mas usar a racionalidade e a afetividade para sair do conflito e evitar mais atrito. É compreensível que se queira responder com a mesma irracionalidade e violência, pois somos animais. Mas a resposta raivosa será mais destrutiva que resoluta.

Aceitar a agressão, seja ela interna ou externa, não de forma submissa, mas buscando compreender a origem do problema, identificando sobre que insatisfação ela está pautada é a atitude que pode dissolver a raiva. A partir da compreensão da origem, pode-se tomar decisões mais acertadas. E muitas vezes sair fora é uma excelente solução.

"Ganhar ou perder, o que mais adoece?

Quem sabe se conter não irá se exaurir
Sendo assim, poderá viver longamente"

Tao Te Ching, 44

Ok, a teoria está escrita, agora, vamos à prática!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Hoje é Humpday!*

Vivo na corda bamba que divide as pessoas em certinhos e porra-loucas.


Quando eu estudava na faculdade de farmácia, eu era a estagiária que desenhava na capa dos manuais de procedimentos. E digitava a metodologia dos testes qualitativos de fármacos, de forma que o texto ficasse bem organizado na página. Foi no estágio do curso de farmácia que conheci o computador, eu digitava no editor de textos do DOS e lembro da minha alegria no dia em que vi o Windows pela primeira vez. Foi um brilho para os meus olhos! Entre os alunos, eu era conhecida como a que fazia caixas artesanais. Definitivamente, eu não me encaixava.

Depois de encarar a drástica mudança de curso, encontrei-me na Escola de Belas Artes, cursando Desenho Industrial. E de repente me transformei na careta da turma. Minhas roupas e hábitos não eram condizentes com os irreverentes piercings, cabelos coloridos, carecas, HQs, animes e tantas outras coisas que me causavam estranheza. Passei a ser a certinha estressada, enquanto meus colegas desenham descontraidamente durante as aulas.

Passado o choque universitário, hoje sou menos estressada, mas continuo encontrando novas zonas de conflito. Recentemente, me senti a estranha outra vez. Vivo entre famílias e amigos certinhos, com casa, estante de livros na sala e filhos. Mas também tenho amigos que fizeram outras opções na vida. Frequento banheiros públicos unissex e sou careta por não conseguir trocar de roupa na frente das pessoas. Há pouco tempo me senti tão E.T. diante de um grupo, que revi o significado da palavra sexualidade.

Assim sigo, nem tão louca como eu gostaria de ser e nem tão certinha quanto pareço. Foi ótimo ver o filme O Dia da Transa porque me fez rir e refletir sobre esses enquadramentos sociais que vivemos. Foi uma pérola que vi no Festival do Rio e conta a história de dois amigos heterossexuais que, no meio de uma bebedeira, decidem se desafiar a fazer um filme pornô juntos, só os dois... E no meio disso tudo, ainda rola uma pitadinha de questionamento sobre o que é arte e qual a necessidade de se levar um projeto até as últimas consequências. Um filme que tinha tudo pra ser um besteirol, mas não é.

3 estrelinhas pra ele!

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* além de ser meu aniversário!

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Fui ver esse filme a convite de um amigo e sugeri que nós dois escrevêssemos sobre o filme e postasse cada um no seu blog. A idéia é que cada um tem o seu filme na cabeça... então, para ver outros pontos de vista, visite a página dele.

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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Balanço e repescagem do festival 2009

Como já foi definido pela Luiza, que conheci juntamente com o Roberto num café após a sessão de segunda-feira, esse não foi um festival de grandes filmes. É verdade! Mas hoje vi o melhor de todos: O dia da transa.

Ano passado fui presenteada com Na Cidade de Sylvia logo no primeiro dia e esse ano demorou, mas o presente veio no final. Também gostei bastante dos filmes turcos, eu havia ficado curiosa sobre a produção desse país desde que vi Budapeste, agora pude conferir que seus filmes são simples, mas sensíveis, dosados entre o drama e a descontração. O documentário da Vogue foi ótimo, porque moda mexe comigo. E a temática vencedora foi drama familiar, vi três, em sequência: Ainda a Caminhar, Mommo e A Caixa de Pandora. Bem pertinente ao momento que estou passando.




Ainda a caminhar é legal, mas fica longe do que eu esperava e da poesia de O Gosto do Chá, filme que eu amo! Talvez eu não tenha gostado da dureza da família retratada... o filme é cru.





Mommo é triste, mas bonito. Os atores mirins são lindos e adorei ter ido na sessão com o diretor. Ele contou que as crianças não conheciam cinema e o primeiro filme que eles assistiram foi Mommo, no Festival de Berlin.




A Caixa de Pandora também é bem bacana. Os temas já são batidos, mas a desintegração da família em questão é pertubadora sem ser deprimente.





Mas o "Oscar" vai para... O dia da transa. Engraçado, com ótimos diálogos, parece um filme bobo, mas passa por questões delicadas das relações humanas e pessoais. Amei.


Sexta começa a tradicional repescagem do festival, mais uma chance de ver os filmes que raramente entrarão em cartaz no Brasil. Já escolhi alguns, mas aceito sugestões! Estou em dúvida entre os dois primeiros, que rolam no mesmo horário...


Só quero caminhar (Sólo Quiero Caminar)
Espaço de Cinema 1 - 9/10/2009: 21:15



Águas turvas (De Usynlige)
Espaço de Cinema 3 - 9/10/2009: 21:45




Como desenhar um circulo perfeito
Espaço de Cinema 1 - 11/10/2009: 21:15



As Praias de Agnès (Les Plages d'Agnès)
Espaço de Cinema 2 - 12/10/2009: 15:30


Aquário (Fish Tank)
Espaço de Cinema 1 - 12/10/2009: 21:15


A criada (La Nana)
Espaço de Cinema 2 - 15/10/2009: 17:45

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Singularidades do Festival do Rio 2009

Cabe aqui uma avaliação do que tem sido esses primeiros dias de festival.

Primeiro o odioso vício do Festival do Rio ter uma lista enorme de filmes não liberados e sessões cancelas. Sofri desse mal no sábado passado. Cheguei em Ipanema para o filme O pai dos meus filhos e o filme ainda não tinha sido liberado. Bati de cara na porta da bilheteria. Saí de Ipanema e fui para o Espaço de Cinema, em Botafogo. Quando pedi ingresso para A Criada a moça me informou: "Esse casal no guichê ao lado está comprando os dois últimos ingressos, senhora". Bati de cara na porta da bilheteria 2. Saí do guichê com vontade de matar "o casal ao lado"... mas me contive e me encaminhei a tal listinha de filmes não liberados e comprei antecipado ingressos dos filmes liberados que eu havia programado. Resumo do sábado: três horas de trânsito (tinha engarramento por toda parte), uma hora em Ipanema e outra em Botafogo. Nenhum filme assistido.

Domingo a sorte sorriu pra mim, com o ingresso comprado antecipadamente, fui ver Tráfico de Almas, filme que foi renomeado para Eu, Ela e minha alma e que no original se chama Cold souls. Uma delícia de filme, ri bastante e salvou meu final de semana.



Segunda foi a vez do documentário Vogue – a edição de setembro, muito interessante. Adorei ver as personalidades que inspiraram o filme "O Diabo Veste Prada" e as produções da revista.


Hoje tive minha primeira decepção com Singularidades de uma Rapariga Loura, uma verdadeira piada, de tão ruim que é. Demora-se uma hora para dizer o óbvio e a tal rapariga nem tem muitas singularidades... Uma bolinha para o filme.

sábado, 26 de setembro de 2009

Minha maratona...será?

Saiu a lista do Janot!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Meu entusiasmo pode ser explicado: caso você queira ler a sinopse de todos os filmes, procurar indicações, procurar a lista dos filmes que teremos outra oportunidade de ver, para depois montar sua programação, vai precisar encarar mais de 300 filmes, algumas listagens pela internet e alguns dias de trabalho árduo.

Marcelo Janot, meu crítico favorito, faz todo esse trabalho e divulga uma lista de poucos filmes. É muito mais fácil decidir entre 40 filmes, gasta-se apenas umas horinhas... rs rs s

Ontem gastei minhas horinhas e selecionei 9 filmes, que cabem no meu horário, no meu espaço geográfico e no meu bolso. Lá vai:

Sábado – 26/09
Deixei o documentário do Milk de lado... q pena.

O pai dos meus filhos

Grégoire Canvel é casado, pai de três filhas e produtor de cinema. Entre um telefonema e outro, ele fuma um cigarro e tenta conciliar projetos difíceis, apaziguar egos inflados e resolver problemas financeiros de sua produtora, que não pára de acumular riscos. Em meio a tudo isso, ainda precisa arranjar tempo para dedicar à família. Sua mulher o convence a passar o feriado na Itália, mas ao voltar a Paris, Grégoire se depara com a situação mais difícil de sua carreira, e se vê ameaçado pelo cansaço. Prêmio Especial do Júri na Mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes 2009.

A criada


A introvertida Raquel trabalha como empregada para a família Valdés há 23 anos. Amargurada e comportando-se como um membro da família, passa a entrar em choque com a filha mais velha, levando sua patroa, Pilar, a contratar outra pessoa para dividir com ela as responsabilidades da casa. Sentindo seu posto ameaçado, Raquel expulsa a nova moça com terrorismo psicológico. O caso se repete até Pilar contratar uma jovem inexperiente do interior, Lucy, que se mostra a única capaz de romper a barreira que Raquel construiu em torno de si. Melhor filme de ficção e melhor atriz em Sundance 2009. 

Domingo – 27/09
Deixei A Criança e Tráfico de Almas... q pena.

A Pequenina

Patti é uma artista de circo que vive com seu marido, o palhaço Walter, em um trailer na periferia de Roma. Ao encontrar a pequena Asia, de apenas 2 anos, sozinha em um parque, decide levá-la temporariamente para casa. Lá, descobre um bilhete da mãe da menina prometendo voltar para buscá-la. O adolescente Tairo, vizinho do trailer ao lado, passa a ajudar Patti a cuidar da “pequenina” e a encontrar sua mãe. Mas Asia logo se familiariza com o ambiente marginal do circo e com o carinho com que lhe é dispensado. Melhor Filme Europeu da Quinzena dos Realizadores de Cannes 2009.

Segunda– 28/09

Vogue - a edição de setembro


No mundo da moda, a edição anual de setembro da Revista Vogue é uma autêntica bíblia, que dita os rumos da industria. Por trás da revista, está sua editora, Anna Wintour, figura poderosa e polarizadora de opiniões. Em 2007, ela se prepara para lançar a maior edição de setembro já feita. Entre Fashion Weeks, takes de fotos e reuniões sigilosas e estressantes, a editora, a diretora artística Grace Coddington e toda a equipe embarcam numa incessante jornada de nove meses. A relação entre Wintour e Coddington revela a delicada química responsável pelo sucesso inabalável da revista.

Quarta– 30/09
Deixei Palavra (en)cantada
grátis no BNDES... q pena.

Singularidades de uma rapariga loura

Macário trabalha como contador no armazém de seu tio Francisco, em Lisboa. É o seu primeiro emprego. Do outro lado da rua, mora Luísa Vilaça, a rapariga loura por quem se apaixona no instante em que a vê. Imediatamente, decide desposá-la. O tio discorda, despede-o e expulsa-o de casa. Macário parte de Lisboa, mas leva a certeza de que não desistirá da amada. Em Cabo Verde enriquece, e quando volta já tem a aprovação de Francisco para o casamento. Que mais o jovem poderia desejar? É só então que descobre a singularidade do caráter da noiva. Baseado no conto homônimo de Eça de Queiroz.

Sexta– 02/10

Aquário

 A volátil Mia tem 15 anos e está sempre se metendo em confusão. Foi expulsa da escola e, ignorada por seus amigos, passa os dias vagando pela vizinhança. Seu único interesse é a dança, que ocupa grande parte do seu tempo livre. Quando num dia quente de verão sua mãe traz para casa o atraente e simpático Connor, as coisas prometem mudar pra melhor. O misterioso estranho parece ter vindo para trazer amor e alegria definitivos para suas vidas. Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2009.

Sábado – 03/10

Ainda a caminhar

Todos os anos, a família Yokoyama se reúne no aniversário da morte de Junpei, o filho mais velho, que faleceu há 15 anos tentando salvar um menino de afogamento. Seus irmãos, hoje dois adultos de meia-idade, sabem que nunca serão tão estimados pelos pais quanto o primogênito. Kyohei, o patriarca, se esconde em seu antigo consultório para fugir da agitação dos netos, enquanto Toshiko, a avó, comanda a cozinha tentando não transparecer as frustrações de seu casamento. Mas os conflitos convivem lado a lado com momentos de intenso afeto.

Domingo – 04/10

Mommo

 
Ahmet, de nove anos, e Ayse, sua irmã mais nova, são inseparáveis. Após a morte da mãe, seu pai casa com outra e vai embora, abandonando-os na casa do avô, Hasan. Embora dê todo o carinho aos netos, Hasan tem a saúde frágil e não consegue cuidar bem deles. Ahmet torna-se então mais do que um irmão para Ayse: é pai, mãe e ídolo. Sempre que ela fica com medo do bicho-papão, ele tenta acalmá-la. Mas, no fundo, Ahmet também é uma criança com seus próprios medos. Quando o vizinho sugere que Ayse vá trabalhar para uma rica família, cabe a Hasan intervir para manter os netos juntos.

Segunda–04/10

A caixa de Pandora

Os irmãos Nesrin, Güzin e Mehmet moram em Istambul e levam vidas distantes, centrados em suas preocupações de classe média alta. Um dia precisam viajar ao vilarejo natal para procurar por sua mãe, Nusret, que desapareceu. Eles a encontram, mas ela apresenta sinais de Alzheimer, e os irmãos decidem levá-la para Istambul. Cuidar da mãe, no entanto, faz com que antigos conflitos ressurjam. Nusret também não está contente, pois deseja voltar a sua cidade. O único que parece compreendê-la é Murat, seu neto rebelde e introspectivo. Concha de Ouro e de Prata no Festival de San Sebastián de 2008.



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Festival do Rio

Essa semana começa a loucura do Festival do Rio. São mais de 300 filmes em quinze dias. Ainda não tenho uma lista dos filmes que quero ver, as informações saem sempre em cima da hora e é difícil fazer a seleção. A tentação desse ano fica por conta de Los Abrazos Rotos, de Almodóvar. Sei que entrará no circuito em breve, mas o cartaz do filme está um desbunde e Penélope Cruz é uma atriz que ganha um vulto enorme quando é dirigida por Almodóvar (aquele que faz cinema com paixão). Apesar de tentador, vou esperar e gastar meu dinheiro e tempo nos mais raros.

Como os filmes mais falados são aqueles que entrarão em cartaz em breve, as pérolas ficam escondidas e muitas vezes não conseguimos encontrá-las. Acaba sendo um tiro no escuro. Mas não posso reclamar, ano passado minha seleção – baseada na lista do Janot – foi boa. Alguns filmes entraram em cartaz, como Valsa com Bashir, um documentário espetacular que merece ser visto. No entanto, outros nunca ganhariam bilheteria: Na Cidade de Sylvia, que foi achincalhado pelo público durante o próprio festival, e Traquinagens, sobre o qual eu já escrevi aqui.

Teve um que eu não consegui ver e nunca entrou em cartaz: Aquiles e a Tartaruga, um filme japonês que foi uma pena eu ter perdido. Vocês, os Vivos entrou no circuito há uns meses e mesmo assim não consegui assistir ainda, esse também arrancou reclamações de muitos, mas minha irmã gostou e confio nela. Há também o entusiamante A Onda, que está em cartaz e pretendo ver essa semana, antes do festival começar.

A pérola que vi em 2008 foi Na Cidade de Sylvia, um filme que fiquei feliz em ver sozinha porque muitas pessoas não gostaram e eu adorei mergulhar nele. Foi inebriante e ainda pretendo escrever à respeito, mas como é feito de imagens, movimentos e silêncios, torna-se difícil explicar em palavras. Quem for voyer o suficiente pode ver um lindo trecho aqui.

Espero ter boa sorte esse ano também! Janot, help!!!!!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Derivando


Semana passada saí do cinema orgulhosa dos filmes brasileiros. Fui assistir À Deriva, do pernambucano Heitor Dhalia e me encantei. A história é de uma sensibilidade sublime e a primeira coisa que me chamou atenção foi a forma como a realidade dos anos 80 foi retratada. Sem glamour, sem brilho ofuscante, sem perfeição, real e bela. O brilho era do sol, do mar e das cores em seu estado natural.

Nada era adocicado, o não dito estava tão presente quanto na vida e nas relações que temos. Não dizer para não ferir, para não ser ferido, para não ser julgado e condenado. Não importa se é um adolescente ou uma mulher madura, a vida é cheia de incertezas.

Débora Bloch sempre me impressionou com sua beleza autêntica e nesse filme ela era uma mulher madura muito real e magnética. A adolescente Filipa era uma menina bonita e comum. Os gestos, o comportamento das pessoas, as falas eram muito plausíveis e próximas da realidade, pelo menos da minha.

O lugar onde as filmagens foram feitas também é naturalmente lindo. Cheio de mato, mar e pedras, uma paisagem bem brasileira e as casas são próximas do que vemos por aí. É possível ver o filme e sentir vontade de estar naquela praia, com a vantagem que Búzios fica pertinho daqui.

No blog oficial há um texto e vídeo legal sobre a estética dos anos 80 no filme.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Na Natureza Selvagem


Há momentos em que o lado negro, duro e cruel da vida nos é revelado de forma impactante. Essa dureza é a percepção de que a realidade difere daquilo que idealizamos. Ou que desejávamos coisas impossíveis, como as crianças que acreditam que o mundo tem que ser do jeito delas e pra elas. Sair desse egocentrismo é dolorido porque julgamos ruim o que não é do nosso jeito, temos dificuldades de aceitar a vida e as pessoas como elas são. “Narciso acha feio o que não é espelho”.


A realidade não é boa ou má, ela apenas é. Lutamos tanto por liberdade de expressão, liberdade de ser o que se é, mas oferecemos pouca liberdade aos outros. Assim somos: egoístas e egocêntricos. Perceber isso é doloroso, sentimos vergonha, nos condenamos, nos punimos e na maioria das vezes preferimos fingir que não vemos nada, que a realidade pode ser do jeito que sonhamos e maquiamos a verdade.

Mas algumas vezes decidimos encarar a dor ou simplesmente não conseguimos fugir dela. Nesses momentos a ruptura se faz necessária. Rompemos com os outros, com as circunstâncias e, principalmente, com nós mesmos – essa é a parte mais difícil.

No Tarô há a carta do Louco ou Bobo, um herói jovem que parte sozinho para uma jornada desconhecida, mas parte com muito entusiasmo. Ele não sabe onde vai, o que encontrará e como ficará, mas sente que precisa seguir essa viagem. É um andarilho, errante e despreparado. Sua bagagem é ínfima e sua percepção é desprezada por ele mesmo. Ele vai caminhar por todas as cartas e passará por muitas situações até encontrar-se relizado. Na Natureza Selvagem é pra mim a história desse Louco que habita nossos corações e que precisamos encarnar uma vez ou outra.

Quando partimos, não percebemos o rompimento interno, achamos que estamos sempre quebrando com o outro e mantendo fidelidade às nossas crenças... mas aos poucos, vemos que as coisas não são bem assim, que também erramos, que também somos fracos. Algumas horas – quando passamos pela carta da Torre – sentimos o chão desabando e não sabemos em que acreditar. Nessas horas nos afastamos do mundo em graus variados e Christopher McCandless foi ao extremo para encontrar a sua natureza selvagem.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

De roupa nova...

Desde que criei o blog, eu queria colocar uma imagem que o identificasse e falasse um pouco de mim ou do que desejo pra esse espaço. Mas nenhuma idéia me agradou e deixei ele branquinho mesmo. Depois surgiu a Amelie de Sá e fixei minha foto. 

Um dia desses, revendo minhas lembranças de infância, percebi que o rugido do leão da MGM era o maior ícone do cinema pra mim. Seguido da frase "versão brasileira Herbert Richers" e, mais recentemente, a musica da vinheta da 20th Century Fox. Tudo isso funciona como o "era uma vez" dos contos de fadas, é uma espécie de portal para uma outra dimensão – da imaginação.

Como eu amo a "Amelie" e não quero me desfazer dela, pensei em colocar minha foto no lugar do leão no logo da MGM. Ontem li um post bem interessante sobre a história dos símbolos dos estúdios de Hollywood e decidi colocar a mão na massa e mudar o visual do meu blog. Sinceramente, achei bem divertido e gostei bastante!  :-)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Solteira no Rio de Janeiro

Sex and the City se passa em Nova York, mas poderia ser ambientada no Rio de Janeiro com suas protagonistas morando em Ipanema e se encontrando na praia, pela manhã, para falar dos (in)sucessos afetivos e sexuais. À noite, as quatro frequentariam os points da descontraída cidade. E também poderiam gastar altas quantias de dinheiro em sapatos, roupas, bolsas e acessórios das grifes cariocas. Quando tivessem filhos e alguém lhes sugerisse comprar uma casa no Grajaú, isso seria considerado o fim da vida delas.

Ao invés de executivos bem-sucedidos, namorariam personalildades famosas do cenário artístico e cultural do país, jogadores de futebol e surfistas inveterados. Meninos do Rio seria o prato predileto de Samantha Jones. Miranda Hobbes seria funcionária pública com um polpudo salário e namoraria juízes, promotores e DJs. Charlote seria uma mineira perdida no Rio e Carrie Bradshaw escreveria para uma coluna de jornal, blogues e revistas paulistas, além de encarar uma pós-graduação numa das diversas universidades da Cidade Maravilhosa – não está fácil viver da escrita no Brasil.

Ambientadas assim, parecem bem reais.

A série começa com a constação óbvia de que existem muitas mulheres bonitas, independentes, inteligentes, interessantes e sozinhas na badalada cidade. A pergunta inicial era se ainda havia espaço para o romance na vida dessas mulheres. E a resposta final, depois de seis anos, foi um "SIM" em alto e bom som, como o "sim" que se diz nos casamentos. E desse jeito Sex and the City saiu da realidade e voltou aos contos de fadas.

Pretendendo abordar a crise feminina da minha geração, retornou aos padrões do passado. Não encarou o fato de que não há mais espaço para o "e foram felizes para sempre", que não há felicidade estável, que o casamento não é a solução para nossa inquietude afetiva e que filhos dão alegrias, muito trabalho e consomem boa parte da vida.

Acredito no afeto e na construção de uma relação prazerosa, mas não no padrão familiar que conhecemos. Depois do feminismo, da pílula e do movimento hippie, ainda não encontramos uma nova fórmula e, enquanto isso, sou mais Palinho da Viola:

"Desilusão, desilusão
Danço eu dança você
Na dança da solidão"

Também acredito nas gerações futuras e em novos caminhos sendo construídos. Faço minhas tentativas, ainda repetindo erros do passado, embalando ilusões, tropeçando, caindo... levantando, me divertindo, me apaixonando, jamais desistindo de amar e ser feliz.