quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Hoje é Humpday!*

Vivo na corda bamba que divide as pessoas em certinhos e porra-loucas.


Quando eu estudava na faculdade de farmácia, eu era a estagiária que desenhava na capa dos manuais de procedimentos. E digitava a metodologia dos testes qualitativos de fármacos, de forma que o texto ficasse bem organizado na página. Foi no estágio do curso de farmácia que conheci o computador, eu digitava no editor de textos do DOS e lembro da minha alegria no dia em que vi o Windows pela primeira vez. Foi um brilho para os meus olhos! Entre os alunos, eu era conhecida como a que fazia caixas artesanais. Definitivamente, eu não me encaixava.

Depois de encarar a drástica mudança de curso, encontrei-me na Escola de Belas Artes, cursando Desenho Industrial. E de repente me transformei na careta da turma. Minhas roupas e hábitos não eram condizentes com os irreverentes piercings, cabelos coloridos, carecas, HQs, animes e tantas outras coisas que me causavam estranheza. Passei a ser a certinha estressada, enquanto meus colegas desenham descontraidamente durante as aulas.

Passado o choque universitário, hoje sou menos estressada, mas continuo encontrando novas zonas de conflito. Recentemente, me senti a estranha outra vez. Vivo entre famílias e amigos certinhos, com casa, estante de livros na sala e filhos. Mas também tenho amigos que fizeram outras opções na vida. Frequento banheiros públicos unissex e sou careta por não conseguir trocar de roupa na frente das pessoas. Há pouco tempo me senti tão E.T. diante de um grupo, que revi o significado da palavra sexualidade.

Assim sigo, nem tão louca como eu gostaria de ser e nem tão certinha quanto pareço. Foi ótimo ver o filme O Dia da Transa porque me fez rir e refletir sobre esses enquadramentos sociais que vivemos. Foi uma pérola que vi no Festival do Rio e conta a história de dois amigos heterossexuais que, no meio de uma bebedeira, decidem se desafiar a fazer um filme pornô juntos, só os dois... E no meio disso tudo, ainda rola uma pitadinha de questionamento sobre o que é arte e qual a necessidade de se levar um projeto até as últimas consequências. Um filme que tinha tudo pra ser um besteirol, mas não é.

3 estrelinhas pra ele!

***

___________________________________

* além de ser meu aniversário!

___________________________________

Fui ver esse filme a convite de um amigo e sugeri que nós dois escrevêssemos sobre o filme e postasse cada um no seu blog. A idéia é que cada um tem o seu filme na cabeça... então, para ver outros pontos de vista, visite a página dele.

__________________________________

4 comentários:

cotrimus disse...

humm...geek? crazy? artist?
we never know...
:)
bjs

Jôka P. disse...

Cíntia, filmes gays têm que ter no "elenco" imperativamente seres de uma beleza praticamente impossível de existir na vida real. Ver um filme pornô com esses dois barrigudos transando deve ser tão excitante quanto comer bife de fígado crú.
No entanto, ficou bem claro que esse filme não é XXX-rated, muito pelo contrário. Obrigado pela dica.
Feliz em vir conhecer o seu blog!
Bjs
Jôka

Cintia de Sá disse...

É Jôka, esse não era um filme da Mostra Gay do Festival do Rio. Ele foi agrupado na mostra Expectativa 2009. Isso já é uma dica do que o filme não é, apesar de sugestivo.

Também, fiquei feliz com a sua visita e comentário.

Grata :-)
Cintia

Cleber Eldridge disse...

OLÁ! Muito prazer! È sempre agradavel conhecer mulheres neste meio, já que a grande maioria é homem. Bem, estarei frequentando seu blog a partir de agora. Quanto ao filme, não sei do que se trata, mas parece ter um lado interessante, estarei a procura ... Ah, PARABÉNS!