Ao invés de executivos bem-sucedidos, namorariam personalildades famosas do cenário artístico e cultural do país, jogadores de futebol e surfistas inveterados. Meninos do Rio seria o prato predileto de Samantha Jones. Miranda Hobbes seria funcionária pública com um polpudo salário e namoraria juízes, promotores e DJs. Charlote seria uma mineira perdida no Rio e Carrie Bradshaw escreveria para uma coluna de jornal, blogues e revistas paulistas, além de encarar uma pós-graduação numa das diversas universidades da Cidade Maravilhosa – não está fácil viver da escrita no Brasil.
Ambientadas assim, parecem bem reais.
A série começa com a constação óbvia de que existem muitas mulheres bonitas, independentes, inteligentes, interessantes e sozinhas na badalada cidade. A pergunta inicial era se ainda havia espaço para o romance na vida dessas mulheres. E a resposta final, depois de seis anos, foi um "SIM" em alto e bom som, como o "sim" que se diz nos casamentos. E desse jeito Sex and the City saiu da realidade e voltou aos contos de fadas.
Pretendendo abordar a crise feminina da minha geração, retornou aos padrões do passado. Não encarou o fato de que não há mais espaço para o "e foram felizes para sempre", que não há felicidade estável, que o casamento não é a solução para nossa inquietude afetiva e que filhos dão alegrias, muito trabalho e consomem boa parte da vida.
Acredito no afeto e na construção de uma relação prazerosa, mas não no padrão familiar que conhecemos. Depois do feminismo, da pílula e do movimento hippie, ainda não encontramos uma nova fórmula e, enquanto isso, sou mais Palinho da Viola:
"Desilusão, desilusão
Danço eu dança você
Na dança da solidão"
Também acredito nas gerações futuras e em novos caminhos sendo construídos. Faço minhas tentativas, ainda repetindo erros do passado, embalando ilusões, tropeçando, caindo... levantando, me divertindo, me apaixonando, jamais desistindo de amar e ser feliz.
3 comentários:
Adorei o vestido vermelho de bolas pretas!
(Hum... acho que isso não é um comentário sobre cinema...)
Não tenho tv a cabo e nunca assisti Sex & the City ,já prevendo esse tipo de estereótipo. Tampouco me interessa esse mundinho glamourizado de frivolidades femininas. Acho que amor, trabalho + família realmente é uma equação muito complicada e difícil de dar certo. Aliás, acho que a parte de família (traduzindo: filhos) é desnecessária.
Lê, eu acho que o figurino faz parte do cinema... e aqui estou falando sobre uma série de TV... rs s
Neogirl, tb não tenho TV a cabo, mas gostei de ver a série. Eu tinha muiiiito preconceito e perdi assistindo, hoje posso recomendar. A diversão é garantida e permanece a oportunidade de repensar nossas opiniões sobre esse mundo de glitter. Vale a pena.
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