quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Solteira no Rio de Janeiro

Sex and the City se passa em Nova York, mas poderia ser ambientada no Rio de Janeiro com suas protagonistas morando em Ipanema e se encontrando na praia, pela manhã, para falar dos (in)sucessos afetivos e sexuais. À noite, as quatro frequentariam os points da descontraída cidade. E também poderiam gastar altas quantias de dinheiro em sapatos, roupas, bolsas e acessórios das grifes cariocas. Quando tivessem filhos e alguém lhes sugerisse comprar uma casa no Grajaú, isso seria considerado o fim da vida delas.

Ao invés de executivos bem-sucedidos, namorariam personalildades famosas do cenário artístico e cultural do país, jogadores de futebol e surfistas inveterados. Meninos do Rio seria o prato predileto de Samantha Jones. Miranda Hobbes seria funcionária pública com um polpudo salário e namoraria juízes, promotores e DJs. Charlote seria uma mineira perdida no Rio e Carrie Bradshaw escreveria para uma coluna de jornal, blogues e revistas paulistas, além de encarar uma pós-graduação numa das diversas universidades da Cidade Maravilhosa – não está fácil viver da escrita no Brasil.

Ambientadas assim, parecem bem reais.

A série começa com a constação óbvia de que existem muitas mulheres bonitas, independentes, inteligentes, interessantes e sozinhas na badalada cidade. A pergunta inicial era se ainda havia espaço para o romance na vida dessas mulheres. E a resposta final, depois de seis anos, foi um "SIM" em alto e bom som, como o "sim" que se diz nos casamentos. E desse jeito Sex and the City saiu da realidade e voltou aos contos de fadas.

Pretendendo abordar a crise feminina da minha geração, retornou aos padrões do passado. Não encarou o fato de que não há mais espaço para o "e foram felizes para sempre", que não há felicidade estável, que o casamento não é a solução para nossa inquietude afetiva e que filhos dão alegrias, muito trabalho e consomem boa parte da vida.

Acredito no afeto e na construção de uma relação prazerosa, mas não no padrão familiar que conhecemos. Depois do feminismo, da pílula e do movimento hippie, ainda não encontramos uma nova fórmula e, enquanto isso, sou mais Palinho da Viola:

"Desilusão, desilusão
Danço eu dança você
Na dança da solidão"

Também acredito nas gerações futuras e em novos caminhos sendo construídos. Faço minhas tentativas, ainda repetindo erros do passado, embalando ilusões, tropeçando, caindo... levantando, me divertindo, me apaixonando, jamais desistindo de amar e ser feliz.


3 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o vestido vermelho de bolas pretas!
(Hum... acho que isso não é um comentário sobre cinema...)

missfleur disse...

Não tenho tv a cabo e nunca assisti Sex & the City ,já prevendo esse tipo de estereótipo. Tampouco me interessa esse mundinho glamourizado de frivolidades femininas. Acho que amor, trabalho + família realmente é uma equação muito complicada e difícil de dar certo. Aliás, acho que a parte de família (traduzindo: filhos) é desnecessária.

Cintia de Sá disse...

Lê, eu acho que o figurino faz parte do cinema... e aqui estou falando sobre uma série de TV... rs s

Neogirl, tb não tenho TV a cabo, mas gostei de ver a série. Eu tinha muiiiito preconceito e perdi assistindo, hoje posso recomendar. A diversão é garantida e permanece a oportunidade de repensar nossas opiniões sobre esse mundo de glitter. Vale a pena.