quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Candy e seu efeito colateral


"Graças aos euforiantes, as dificuldades e frustrações do presente podem ser trocadas por mundos substitutos criados pela própria mente, mundos nos quais os problemas desaparecem, as ansiedades são acalmadas e os desejos saciados." Richard Restak

O filme candy me levou a uma viagem reflexiva sobre entorpecentes, que em farmacologia são substâncias causaroras de sonolência, que amenizam a dor e levam seus usuários à ilusão da vida sem problemas. Causam dependência química e psíquica e seu representante mais ilustre é o ópio — a própria religião, segundo Marx.


Como mais do que perigoso, viver é sofrido; saí do cinema pensando que ninguém gosta da dor e mesmo sem consumir psicotrópicos, buscamos formas lícitas de entorpecimento: religião, ciência, filosofia, sociologia, trabalho, amor, família... e o meu, qual seria?

Semanas sucederam-se e a pergunta permaneceu. Com o tempo esqueci... a resposta surgiu durante uma crise de abstinência, num dia em que eu procurava desesperadamente um filme para assistir. Então lembrei do estado inebriante que fico após um bom filme, aliás, classifico a qualidade deles pela capacidade que têm de me levar a um estado alterado de consciência, onde um insight pode surgir ou uma emoção pode ser compreendida, por exemplo.

Depois disso, lembrei-me de uma frase do Nietzsche que alfinetou meu fígado tempos atrás: "Temos a arte para que a verdade não nos destrua". Tive certeza que o cinema, a literatura e minha imaginação são válvulas de escape preciosas. Resta-me saber dosar, pois mesmo lícito, meu vício pode levar a um estado de dependência e entorpecimento, que em bom português significa: paralisia.

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