quarta-feira, 3 de junho de 2009

Surto Helvético











O tipo móvel metálico de Gutenberg revolucionou o mundo através da popularização de escritos. O conhecimento se espalhou no formato de livros, jornais, revistas etc. Vivemos uma sociedade imersa nas letras, nos tipos. Esse revolucionário objeto, o tipo móvel, era originalmente esculpido um a um por profissionais altamente qualificados. Seu desenho era, e ainda é, uma belíssima área do conhecimento chamada tipografia. Os tipógrafos de hoje se debruçam diante da tela do computador para criar famílias tipográficas – um alfabeto de maiúsculas, minúsculas, números, etc. todas com uma mesma identidade. Aqui no Brasil temos bons tipógrafos e só para citar uma fonte, destaco a Ghentileza Original, desenhada a partir dos murais do Profeta Gentileza, uma linda homenagem e um trabalho de preservação cultural.

O que isso tem a ver com cinema? Teriam muitas coisas, a apresentação dos créditos nos filmes é a mais óbvia. Mas meu surto cinéfilo foi um documentário de 2007, feito em comemoração aos 50 anos da fonte Helvetica, uma das mais popularizadas pelo design moderno. Onipresente em sinalizações e logotipos de empresa ao redor do mundo, frequentemente associada à globalização. Foi a partir dela que se desenhou a tão conhecida Arial.

O documentário mostra a opinião de designers veteranos e novatos sobre a fonte. Alguns entusiasmados outros revoltados com o uso da velhusca do pós-guerra. É interessante perceber quanta informação um desenho de letra, aparentemente simples, é capaz de carregar. Ou melhor, quanto simbolismo há em coisas que passam por nós a cada minuto e não estamos conscientes disso. E como a história de um símbolo depende da apropriação que se faz dele. A Helvetica pretendia ser um tipo neutro, que se encaixa bem em qualquer situação e por isso, abrangente, arauto de todas as idéias, suficiente. Essa neutralidade é posta à prova no filme e mostra-se que seu uso pertence a uma ideologia.















“Para escrever a palavra cachorro a letra não precisa latir”
Massimo Vignelli, designer veterano responsável pela identidade de várias empresas como a AmericanAirlines.













“Isso aqui é cachorro? Claro que não, não vejo cachorro aqui”
David Carson – designer ganhador de mais de 140 prêmios – diante de um mural com várias palavras escritas em Helvetica.

Ainda não entendeu o porquê da palavra surto no título deste texto? Sempre que vejo esse documentário fico procurando a Helvetica por todos os lados... confira o cartaz e encontre-as por aí...



















Site oficial do filme


Tipografia na Wikipedia, tem um desenho mostrando a anatomia do tipo móvel.


Sobre a Helvetica na Wikipedia, tem uma comparação dela com a Arial.


Tupigrafia, excelente revista brasileira de tipografia

3 comentários:

Rob disse...

Gostei do elenco, em ordem alfabética ainda por cima!

missfleur disse...

Sabe onde posso baixar essa fonte Ghentileza?? Roxana

Clovis Jacob disse...

Muito bom o post! Adoro Helvetica! Já vi esse documentário e recomendo!!
Abs.