quarta-feira, 24 de junho de 2009

Muito além de Brokeback Mountain











Somos criados e educados para desempenhar certos papéis sociais. Homens e mulheres precisam crescer, aprender ofícios, desfrutar a juventude em festas e passeios memoráveis, encontrar um parceiro do sexo oposto. Ter filhos e criá-los para que cumpram adequadamente sua função social e assim, esperam-se os netos para serem paparicados com todos os mimos da Terra. No meio disso, devemos construir uma carreira profissional, trabalhar com afinco, manter uma casa e todo conforto que a sua geração permitir. Fazer algumas coisas inesquecíveis para serem repetidas nas conversas com amigos. Trair com classe ao menos uma vez na vida e fazer alguma cena de ciúme. O mesmo filme se repete há milênios.

Tudo isso parece meio monótono, pelo menos pra mim parece! Mas estamos programados a seguir essa trajetória, mesmo que ela não nos satisfaça. Quando alguém se recusa a cumprir sua função é logo tarjado de insano, doente, incapaz, inadequado. É colocado à margem e olhado com desconfiança, quando não são diretamente hostilizados e violentados. O que desencoraja os indecisos a tentar fazer diferente. Essa é a força do coletivo, da não-mudança, da manutenção da ordem social.

Por sorte, muitos sentem-se tão inadequados ao que a sociedade espera deles, que doam suas vidas ao trajeto errante dos que não sabem ao certo onde devem chegar. Por esses labirintos acontecem as mudanças. E ao assistir O Segredo de Brokeback Mountain, agradeci as muitas mulheres que não aceitaram sua trajetória de submissão ao casamento como forma de sobrevivência.

Num filme tão delicado e bonito sobre a questão homossexual, saltou-me aos olhos a transformação do papel feminino. As mulheres no pano de fundo contaram uma história paralela a dos caubóis, com uma sutileza infinita.


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