quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O gosto do chá


Saborear a vida nos pequenos detalhes. Respeitar as direnças de cada ser, observá-los como uma requintada e preciosa obra de arte. Contemplação do dia-a-dia, sua beleza e conflitos. O cotidiano simples, sem grandes acontecimentos, mas com muita poesia, carinho e cuidado. Assim vivia a família retratada em O gosto do chá. Cada um em seu universo particular, seu problema, encontrando sua solução, vencendo obstáculos. Não se espera nada do outro. Calma, com alma. Simplicidade. A cerimônia do chá refletina na vida familiar.

“Cada um com o seu cada um” dizia uma amiga minha, por volta dos meus vinte anos. Passado muito tempo, ainda sinto dificuldades em praticar e percebo que não importa a idade, sexo, grau de instrução, nacionalidade... todos temos essa dificuldade.

Compreender personalidades mais fechadas, menos expansivas é difícil. Alegria é sorrir e abraçar todo mundo. Amar é contato. Mas existem diversas formas de toque e afeto. A expansividade é um bom esconderijo pra falta de profundidade nas relações. Vivemos assim, afastados. A família do filme não se abraça, não se beija, mas se respeita e se ama.

Profundidade. Algo só é dito e feito quando há consistência. Sem superfialidades, medita, estuda, investiga, amadurece. Quando o pensamento já não cabe mais em si, faz-se.

Tempo.

A rotina tem seu encanto, crítica de Eduardo Valente.

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