quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O tempo certo para Traquinagens

Ou o tempo certo para solucionar nossas inquietações.











“Se você quer uma hora de boa pintura, terá de dispor de quatro horas para si” Bushnell Keeler, citado no livro Em águas profundas do David Lynch

Semana passada terminou o Festival do Rio e com ele minha humilde maratona de oito filmes. Curiosamente o primeiro que vi foi Traquinagens, que segue num caminho oposto ao da overdose cinematográfica a que me impus.

Em linhas gerais, um menino e sua irmã adolescente experimentam a sorte. Isaac Newton declarou, pouco antes de morrer, que se sentia ainda uma criança diante de um mar de descobertas. Essa me pareceu uma sensação incrível, porque estar como uma criança diante da experiência da vida é ter conservado esse tempo dentro de si, aquele necessário para que a semente germine e vire arbusto. O menino do filme mostrava isso, ele parecia ter a vida inteira para executar suas experiências, sem pressa, sem ansiedade.

Ele tinha um problema: havia sido separado de seu pai. E tentava descobrir se era capaz de mudar a sua sorte. Esse não é um problema simples, nem superficial, nem raro na vida. Mas tudo que ele fez foi se concentrar nisso e utilizar todo tempo que tinha disponível para investigar. Essa investigação era um misto de horas de observação e algumas poucas interferências no curso das coisas.

Tenho pensado muito na calma, no silêncio, no vazio, no tempo necessário para que as coisas e a vida amadureça. É preciso trabalhar, estudar, divertir-se, ler, ver filmes, saber do que acontece no mundo e na vida dos seus amigos. É preciso estar com as pessoas e relacionar-se. Não há tempo pra trabalhar, estudar, ler e responder e-mails, ver o noticiário, dançar, cuidar do corpo, encontrar os amigos, assistir um filme por dia, escrever sobre a vida e o cinema...

O texto de hoje foi escrito nessa roda alucinante, carrossel de criança girando rápido, como gostamos de fazer na infância e ouvimos nossos pais dizerem: “não rodem tão depressa, vocês vão ficar tontos, cair e se machucar”.

Saiba mais sobre o filme

2 comentários:

Anônimo disse...

Cinéfila,

gostei da tua proposta. Vou passar a vir aqui. Se clicar no link você acha o meu blog (com um monte de filmes do Festival).

beijos, sucesso!

Anônimo disse...

Oi Cintia. Gostei do blog! Visitarei sempre. beijo!