quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Como transformar vida em poesia

Um dos prazeres que mais prezo é o que podemos sentir por um ofício. Amo meu trabalho e não consigo me imaginar sem essa paixão. Posso me ver amando outro ofício, mas jamais trabalhar sem amor. Não importa a profissão: educador, pesquisador, jornalista, engenheiro... designer ou pintor. A alegria que surge do fazer transforma a vida em poesia.

Moça com brinco de pérola tocou nesse ponto e me encantou, na verdade me extasiou com a sensibilidade com que mostra o prazer que a arte pode proporcionar. A paixão pela luz, pelas cores, composição, tintas... e pelas formas naturalmente belas. O amor compartilhado pelos protagonistas é o envolvimento que ambos tinham com o ofício da pintura. E essa é uma linda história de amor. (Confira um trecho dessa bela paixão aqui).





Foi impossível não me encantar pelo azul e amarelo utilizado por Vermeer ao retratar a moça. Não apenas pelo efeito que causa na pintura, mas também pelo entusiasmo mostrado entre a aquisição do pigmento e sua fixação na tela. Que alquimia deliciosa!

Para mim o filme é uma pintura em movimento, não por ser um vídeo e ter uma fotografia exuberante, mas pela forma como exibe o possível processo de criação de uma pintura que transcendeu no tempo.

O trajeto desenhado pelo tempo entre a pintura e o filme também é bonito: um homem retrata uma jovem com paixão, três séculos depois uma mulher se encanta pela obra e desconhecendo a história da moça, decide criá-la através da literatura. Finalmente, o livro é adaptado ao cinema.

Sugestão: baixe o papel de parede do quadro aqui, e apaixone-se se for capaz.

3 comentários:

Rob disse...

Vale um comentário só para isso: excelente o site sobre Vermeer! Anotado e explorado.

Rob disse...

Foi curioso ler teu post hoje. Ontem, conversando com uma amiga, surgiu justamente este tema: Vermeer, o brinco de pérola - o quadro, o livro e o filme. Coincidências, será que Vermeer estava no ar?

Uma das coisas de que falamos foi o ambiente, aquela vida dura de escassez, frio e pobreza. E que, mesmo nesse ambiente, o erotismo da relação (sugerida, pelo menos) entre artista e modelo foi capaz de florescer. Amor, como sentimento, entende-se em qualquer lugar. Erotismo, com sua sofisticada manifestação em olhares, metáforas e cores, mostra o quanto o ser humano tem de sublime, escapando da dureza do dia a dia.

Cintia de Sá disse...

Rob, Vermeer estava mesmo no ar... no dia seguinte à postagem do texto, estive na Fnac e me deparei com um livro enorme sobre a obra dele, que custava apenas R$ 85,00! Fiquei encantada, mas deixei o livro lá.

Você está colocando o erotismo como mais sofisticado que o amor? É isso?

Sobre o erotismo sugerido no filme, estou com a imagem do quadro como papel de parede... fico olhando e pensando que para a época, chegava a ser indecente uma adolescente retratada daquela forma.

E sim! O site é ótimo!