quarta-feira, 31 de março de 2010

Mais sombras que luz...


Obscuras são as raízes do Nazismo, assim como as cenas de A Fita Branca.

Imersos na escuridão de uma sociedade anterior à luz elétrica, no início da segunda década do século passado, uma comunidade rural alemã é retratada de forma belíssima. A ausência de cores reforça a sisudez de um povoado onde a alegria estava restrita a uma festa por ano, após a colheita. Esse foi um dos berços do nazismo e assim procura-se entender sua origem. 

A rigidez na educação, a violência doméstica e a ausência total de afeto teriam levado os alemãs a construírem campos de concentração? A pergunta é parecida com: a pobreza gera a violência nas cidades? E segue-se: apenas a sociedade alemã era rígida daquela forma? Todos os pobres são violentos? Não, claro que não! Cada um reage de uma forma... a secura e a violência mostrada no filme alemão não é muito distante daquela vista em Abril Despedaçado, que se passa na mesma época no sertão brasileiro. Estou certa de que a educação dos meus avós não foi muito diferente também. Acho que é a mesma questão do filme A Onda, somos tão diferentes daqueles alemães?

Então, por que a Alemanha? Creio que a pergunta ainda não foi respondida. Talvez porque a explicação não seja simples nem confortável. Talvez a resposta nos leve a ver que não temos controle disso e que outros eventos como esse podem surgir — isso se acreditamos que não existem mais. Talvez a melhor pergunta seja apenas "por quê?". E ainda devemos satanizar os alemães, que viraram o Judas do século XX?

Foi com essas questões que saí do cinema no dia em que vi A Fita Branca. E agora uma amiga me mostrou esse texto, que expressa de forma embasada aquilo que eu apenas sinto. É longo, mas vale a leitura. Para quem ainda não viu o filme e prefere se preservar, o texto conta algumas cenas e vale a pena ver o filme antes de ler.

Reflexões à parte, o filme é uma obra de arte. Vale a pena ser visto no cinema.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Romances




Para não dizer que não falei de romances nesse mês de março, esse texto é dedicado às noivas que eu amo... as noivas de Tim Burton. Dentre elas, a que mais me impressionou foi a Mrs. Lovett, de Sweeney Todd, ela que sabe o que quer e luta por seu amado. Apesar da brutalidade da vida que viviam, Mrs. Lovett é uma sonhadora e faz planos, como qualquer mortal do sexo feminino. Uma prova disso é o trecho em que ela abre seu coração ao amado barbeiro, que atentamente compartilha seus sonhos.




Outro casal muito romântico é Sally e Jack de O Estranho Mundo de Jack. Uma noiva atenciosa que faz de tudo para auxiliar seu amado, mesmo sem a autorização dele. Eu penso assim: somos todos uns monstrinhos, mas tudo que buscamos é amar e ser amado. Então, viva o romance!




E para provar que eu acredito no amor... deixo vocês com uma cena memorável de Clube da Luta (é spoiler) onde "Jack" diz para Marla que ela entrou na vida dele numa época complicada, mas que agora ele está bem e que é para ela confiar nele, que tudo ficará bem. E eu confio nele!! Apesar do desfecho da cena...




Mesmo nessa confusão, sei que apenas quando não sabemos bem o que fazer é que temos oportunidade de transformar... nesse ponto sou esperançosa.

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P.S.: passei duas semanas apanhando nesse blog pra conseguir adicionar os vídeos... que surra! Isso é para eu explicar a ausência da semana passada e o atraso nessa. Mas eu queria muito colocar minhas noivinhas amadas! E agora já sei como fazer essa coisa funcionar.

quarta-feira, 10 de março de 2010

E a vida nos ensina...

Na semana dia Dia Internacional da Mulher, decidi escrever sobre o último filme que me tocou na questão femina: Educação. Confesso que saí do cinema meio embrulhada, desconfiada que no dia seguinte eu tivesse uma opinião melhor sobre o filme, mas naquela noite ele não me caiu bem. Sorte que eu estava com amigos, que me sinalizaram uma exigência demasiada em relação à protagonista.

Eu esperava mais dela, uma menina de 16 anos, no início da década de 60, cheia de dúvidas em relação à utilidade da educação feminina. Mesmo sendo uma aluna inteligente, a melhor de sua turma, prestes a ingressar na Universidade de Oxford. Ela não conseguia se desvencilhar do destino óbvio de todas as mulheres, que no final das contas parecia dar no mesmo lugar: marido e filhos.

Hoje as mulheres são independentes, possuem emprego, carro, casa e pagam suas contas. As coisas parecem diferentes. Elas não duvidam mais da necessidade de fazer uma graduação e construir uma carreira. Somos independentes! Ou quase... no dia-a-dia ainda lutamos por um lugar ao sol em território afetivo, vivemos num campo emocional minado e qualquer passo em falso pode detonar uma bomba que deixa a mulher em frangalhos.

Achamos óbvia a necessidade de encontrar um homem que queira dedicar a vida dele a uma família que nos inclua. Apostamos nos filhos e contruímos nosso sonho romântico. Mas os homens possuem uma mobilidade maior, conseguem sair das relações menos feridos e abdicam de boa parte da educação dos filhos, mesmo casados. Assim, as mulheres cursam uma graduação, constroem uma carreira e no final tudo vai dar no mesmo lugar: ex-marido e filhos. 

Por isso, hoje dedico esse texto às mulheres e desejo a todas nós independência afetiva.

quarta-feira, 3 de março de 2010

A queda



Resistir ou render-se? Eis a minha questão diante do filme "A Queda – As últimas horas de Hitler", que em Portugal recebeu o nome de "A Queda – Hitler e o Fim do Terceiro Reich" e achei mais coerente com a narrativa, que não se prende ao ditador, mostrando os últimos dias da resistência Alemã em Berlim. Portanto, é um filme que fala também sobre a força, moral, lógica e fragilidades do ato de resistir. 

Somos criados para ser fortes, não ceder e lutar. Se vamos mal numa prova, tentamos outra vez e não desistimos. Isso é bom! Existem pessoas que tentam durante anos a mesma prova... isso é bom? Tenho minhas dúvidas. Não seria melhor aceitar a incapacidade e a fragilidade, buscando uma oportunidade mais favorável? O problema com a resistência é quando ela se torna obstinada e inflexível. Não se passa anos na terapia aprendendo a perde de vez em quando? As perdas são saudáveis!

Não queremos ser frágeis, mas a força reside no ato de admitir a fragilidade, aceitar que somos dependentes, que temos limites, que nenhuma situação é eterna, que o topo é só um estágio passageiro. É nesse ponto que a resistência torna-se um câncer que a tudo destrói.

"Se não podemos viver sem limites, também não podemos viver dentro de limites sufocantes. Assim, é preciso limitar até as Limitações." e "Quando um caminho termina, convém aceitar com serenidade o novo rumo que está se configurando." Alayde Mutzenbecher – I Ching, hexagrama 60

 Sigo na luta pela fragilidade, pela aceitação dos meus limites e incapacidades externas.