quarta-feira, 29 de abril de 2009

Vicky, Closer, Cristina

O que Closer e Vicky Cristina Barcelona têm em comum? A certeza final de que não sabemos amar. Os dois filmes são bem diferentes. Em Closer eu disse: “que merda! Não temos jeito, somos todos doentes” e no filme de Woody Allen eu disse: “que merda, como somos ridículos! Não sabemos o que queremos”. O primeiro entristece, o segundo ridiculariza nossa incapacidade para o amor. Nenhum dos dois é otimista e eu também não. Apesar disso, ninguém desencoraja o empreendedoristo afetivo. Ao contrário, amar é uma aventura necessária. E assim como Cristina, seguiremos nessa busca interna daquilo que não sabemos bem o que é, mas que provavelmente está mais acessível do que imaginamos. E não há nada de ridículo nisso.




quarta-feira, 22 de abril de 2009

O leitor

















Esse não foi o primeiro... Caráter também me chocou pelo mesmo motivo...
Nesses filmes tenho vontade de pular na tela e sacudir uns e outros personagens dizendo: tenta falar! Tenta conversar! Por que você não fala!? Pelo amor de Deus e dos homens! Conversem! Não silenciem. Quanta frieza nas relações, não por falta de sentimentos, não por insensibilidade, talvez ao contrário... por pura falta de diálogo.

Há uma música da Legião Urbana que mexe muito comigo – Metal Contra as Nuvens – e nela tem a seguinte estrofe:

“E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.”


Volto constantemente a ela, não me sinto muito prudente, falo de tudo para as pessoas. Claro que tenho meus segredos, mas são daqueles que não repetimos nem para o espelho. No geral, sou muito transparente. Às vezes penso que deveria ser mais reservada... mas acho que essa reserva é a fonte de muitos males. No filme O Leitor, creio que foi.

A frieza congela o coração de quem recebe o gelo e assim há um resfriamento em cadeia. A falta de afeto de um e a incompreensão da rejeição por parte do outro, gera um aprisionamento dos sentimentos, constrói uma muralha em torno do coração. Descapacita-se o outro para amar. E tudo que precisamos é de amor, compreensão e aceitação.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Folga

Hoje estou de folga e folgada, por isso venho no final do dia dizer que não vou falar de filme nenhum! Mas vou deixar um link que recebi hoje: top 50 dos anos 30, na opinião do blogueiro. Olhando a lista dele, percecebi que quase não vi filmes da década de 30. Apenas ...E o vento levou e O mágico de oz estão na minha memória.

O primeiro é aquele que vi umas três vezes na infância e adolescência no Supercine, dividido em duas partes... O segundo vi, também na infância, mas revi há pouco tempo e me surpreende que seja de 1939. É um filme atemporal e muito bem feito. Impressionante.

De O mágico de Oz, uma imagem é muito marcante pra mim: a perna da Bruxa Má do Leste esmagada pela casa. Os sapatinhos que Dorothy ganhou sempre estiveram no meu imaginário, volta e meia compro um. Então deixo pra vocês quatro imagens: a original do filme, um dos sapatos usados nas filmagens, um ensaio fotográfico que gostei e um descanso de portas genial!










Acabei escrevendo, viu!

quarta-feira, 8 de abril de 2009










— A senhora sabe montar torneira?

— Não, minha filha, a gente vai inventado.

Talvez as palavras sejam um pouco diferente, mas essa é a idéia. Este diálogo acontece no filme O Banheiro do Papa e me tocou bastante porque acho que sempre preciso aprender mais alguma coisa, ler mais um livro, fazer um curso, uma pós, um MBA, sei lá... falta sempre algo para que eu meta a cara no mundo e faça.

Esse simples diálogo me remeteu à verdade: não falta nada, basta ir inventando. A vida precisa ser criada. É fazendo que se aprende – dito popular. Se a prosperidade não chegou àquele lugar esquecido do Uruguai, não foi por falta de esforço, inteligência e criatividade de seu povo.

Tudo bem, se por um lado o diálogo mostra o empreendedorismo das pessoas, por outro expõe o despreparo das pessoas, a falta de conhecimento. E nisso entraria todo o meu desejo de saber mais. Mas vi naqueles personagens uma coragem – oriunda da necessidade de sobrevivência – que não encontro.

E o filme me falou dessas pernas que pedalam mais do que podem, que superam seus limites, correndo o risco da perda, mas se lançam adiante. Não posso reclamar das minhas pernas. Tenho até me arriscado bastante, mas preciso dosar conhecimento e investir na inventividade.

“Risco é a chance de dar certo, não a chance de dar errado.” Amyr Klink

Aquilo que deu errado foi só uma etapa no caminho do acerto.

A intenção dos diretores foi falar da ingenuidade gerada pela pobreza e suas consequências – veja no YouTube –, talvez uma advertência acerca dos sonhos, mas para mim bateu o contrário, coisas da arte.


Fora esse meu transe, a fotografia do filme é linda, a inserção de imagem documetal é de uma sutileza perfeita e faz um duo com as lágrimas que escorrem no rosto da menina ao ver seu pai na TV. O que se passaria depois daquilo, pareceu-me que ela também despertaria de suas ilusões...

Quero terminar esse texto com uma frase da crítica do Janot, que além de ter feito um título ótimo, também fechou com chave de ouro: “em sua via crucis, Beto atravessa a multidão de fiéis carregando nos ombros, ao invés da cruz, um vaso sanitário.”

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Não tenho idade


















Passei a infância e adolescência ouvindo Gigliola Cinquetti, com meus pais dizendo que Dio, Come Ti Amo! era um filme lindo que eles haviam assistido no cinema quando começaram a namorar. Na época, minha mãe tinha a mesma idade da protagonista. Eles suspiravam pelo filme e eu, como boa filha, sempre achei que devia ser um filme chaaaato, com um final que te arranca rios de lágrimas. Sinceramente nunca quis ver.

Acontece que minha mãe me pediu para gravá-lo em DVD e fui conferir se a cópia estava boa... achei bonitinho o início —com aquela musica que eu havia escutado incontáveis vezes — acabei vendo mais um pouquinho, e mais, e mais até o fim!

Gostei. Fiquei surpresa. É um romance bonitinho. Um conto de fadas ingênuo, mas cativante. Numa época em que as atrizes ainda podiam ter os dentes separados sem deixar de ser musa. Gigliola é linda e canta durante o filme todo.

Dia 31 de março — dia em que escrevo esse texto — é aniversário de casamento dos meus pais. São 36 anos só de casados! Então, esse post é em homenagem a eles, que parecem ter encontrado o sonhado amor-pra-vida-inteira. Mesmo sem viagem à Espanha ou Itália, sem mansão de príncipe, sem ser diplomata nem cantora, sem famosa cena de avião partindo... Sim, eles continuam românticos, depois desses anos todos. Costumo ouvir dos meus amigos: “tão bonitinhos teus pais, eles ainda são namoradinhos”. Claro que existem altos e baixos, brigas, tristezas, mágoas... mas existem os beijos carinhosos, os abraços e muitos sorrisos. Mesmo com todas as dificuldades do relacionamento, eles estão juntos e felizes. Diante da vida, um casamento assim é uma raridade a ser festejada. Parabéns!